Luiz Sayão lança Bíblia com linguagem acessível: “Uma tradução boa é fácil de compreender”

29/05/2025

Para muitos leitores, entender a Bíblia é ainda um desafio. Pensando nisso, o teólogo e hebraísta Luiz Sayão está lançando a Bíblia Rota 66 com comentários seus, oferecendo um estudo da Palavra acessível a todos e com aplicação prática para a vida.

Em entrevista ao Guiame, ele contou os detalhes sobre a nova Bíblia de Estudo, desenvolvida em parceria com a Editora Geográfica.

Sayão – que já participou de várias traduções e projetos editoriais como a Nova Versão Internacional (NVI) – afirmou que a Bíblia Rota 66 é um desdobramento do comentário bíblico em áudio desenvolvido em parceria com a Rádio Trans Mundial.

“Se tornou mundialmente conhecido. São quase 300 horas de explicação, muito ouvidas ao longo dos anos”, comentou.

Ele observou que o texto bíblico é apresentado de forma criativa e bem-humorada, em uma linguagem bem brasileira.

“Por exemplo, quando os amigos de Daniel são lançados na fornalha ardente, o título do estudo é ‘Temperatura Máxima’. No Cântico dos Cânticos, o título é ‘Vem, morena, cantar comigo essa cantiga’. No nascimento de Jesus, com base na genealogia, o título é ‘Exame Pré-Natal’. E no Apocalipse temos ‘A Dama de Vermelho’”, detalhou o pastor.

“Os textos são trabalhados de uma forma que se conecta com a nossa realidade. Os títulos são impactantes, e o conteúdo não é particularizado. É uma teologia bíblica que lida diretamente com o texto”, acrescentou.

Profundidade teológica com linguagem acessível

Segundo o teólogo, a nova Bíblia de Estudo une profundidade teológica e linguagem acessível para todos.

“A equipe envolvida nesse trabalho conhece hebraico, grego, teologia. A Bíblia Rota 66 tem um ensino aprofundado que é transmitido de maneira compreensível, impactante e ligada à vida prática”, afirmou.

Com o texto na Nova Versão Internacional (NVI), a narrativa bíblica é apresentada como se fosse uma viagem em uma rota, tornando a leitura fácil e envolvente.

“A estrutura começa como se fosse um GPS. O início do texto é chamado de ‘Ponto de Partida’, uma introdução que orienta sobre o que você precisa saber ao abrir aquele trecho bíblico. Depois vem o ‘Abrindo o Navegador’, que é como uma bússola para quem está lendo, oferecendo um resumo claro do estudo”, explicou Sayão.

“Na sequência, vem o ‘Recalculando a Rota’: uma série de perguntas e questões pertinentes que ajudam na reflexão. Depois, temos o ‘Fechando a Trilha’, que é a conclusão prática. E ainda há dois elementos adicionais muito legais: um é a ‘Parada Obrigatória’, que traz fotos de locais históricos e arqueológicos importantes. E o ‘Pisando Fundo’: estudos maiores e mais profundos sobre temas delicados, como divórcio, o papel da lei, entre outros”.

Aplicação prática

O pastor destacou que a nova Bíblia ajudará o leitor a entender e aplicar passagens bíblicas do Velho Testamento que podem parecer distantes da sua realidade.

“Se trabalha com o conhecimento histórico, linguístico e contextual, interpretando de maneira adequada e chegando numa aplicação prática para a vida da pessoa”, comentou.

Sayão exemplificou contando quais as lições os cristãos hoje podem aprender com o costume dos sacrifícios de animais a Deus no Antigo Testamento.

“O povo de Israel na antiguidade era um povo nômade, pastoril. Eles não tinham supermercado para comprar comida. Viviam num ambiente desértico, não tinham grandes plantações. O que tinham? Cabras e ovelhas. Era isso que eles ofereceriam a Deus, à família e aos visitantes. Você entende que a lógica do sacrifício está na própria realidade de como aquele povo era configurado historicamente”, pontuou.

“Quando você entende onde está acontecendo e segue um bom caminho de exegese e hermenêutica, descobre a lição principal, que é: ofereça para Deus o seu melhor. Outra lição importante: mesmo que você tenha falhado e esteja numa situação difícil, é possível se aproximar novamente de Deus, resolver a questão por meio do perdão e seguir adiante”, esclareceu o hebraísta.

Traduções boas e fiéis

Sobre traduções da Bíblia, Sayão explicou que conforme as pesquisas em linguística, arqueologia e história avançam, as versões são melhoradas.

“Uma boa tradução é aquela que corresponde à pesquisa atualizada e detalhada do sentido do texto original. Nesse sentido, temos versões que não são necessariamente ruins, mas se tornaram ultrapassadas, porque a linguagem mudou”, avaliou.

“Uma boa tradução é aquela que as pessoas entendem, mas que ainda respeita o sentido do original; é fiel e compreensível para o público”.

O teólogo indicou as quatro melhores versões em sua opinião: Nova Versão Internacional (NVI), Nova Versão Transformadora (NVT), Nova Almeida Atualizada (NAA) e Almeida Século 21.

Como estudar a Bíblia?

Luiz Sayão também deu dicas práticas de como estudar a Bíblia de forma eficaz. “Tem gente que funciona bem às cinco da manhã; outros, só conseguem se concentrar depois das dez. Uns precisam de silêncio absoluto, outros aprendem melhor ouvindo áudios enquanto dirigem. Cada pessoa precisa encontrar o método e o horário que funcionam melhor”, disse.

Ter foco e perseverança é essencial para estudar a Palavra de Deus, de acordo com o teólogo.

“Escolha um caminho e vá até o fim. Separe as dúvidas, anote as questões mais importantes e busque respostas. O estudo da Bíblia precisa ser contínuo. Você aprende uma coisa hoje, amanhã precisa continuar caminhando”, ensinou ele.

Para o pastor, o mais essencial para alguém aprender a Bíblia é ter disposição espiritual e vontade sincera.

“Já tentou oferecer comida para quem não está com fome? Não adianta. Mas se a pessoa está interessada, ela vai fazer de tudo para aprender”, afirmou.

Sayão destacou que o mais importante é que o conteúdo bíblico seja praticado. “Estudar sem colocar em prática é como puxar o ar e nunca soltar, não funciona. É preciso se colocar à disposição de Deus, para que o que você aprende se torne realidade na sua vida e na comunidade de fé onde participa”, exortou.

“Caso contrário, a pessoa só enche a cabeça de conhecimento e se torna arrogante. Tem muita gente que aprendeu muita coisa, mas não sabe usar isso direito. Por isso, o estudo da Bíblia precisa ser transformador e vivido”, concluiu o teólogo.