Ex-Estado ateu, Cuba tem aumento de evangélicos e orações em público

  • 10/07/2025
Ex-Estado ateu, Cuba tem aumento de evangélicos e orações em público
Ex-Estado ateu, Cuba tem aumento de evangélicos e orações em público (Foto: Reprodução)

Apesar das restrições históricas à liberdade religiosa, o número de cristãos evangélicos em Cuba tem aumentado significativamente nos últimos anos, segundo informações da BBC News Brasil.

Os cultos em Havana, capital cubana, se tornaram uma cena cada vez mais comum. Um exemplo é o encontro para orações realizado majoritariamente por jovens evangélicos.

Em frente a um edifício com uma imagem de aproximadamente um metro de altura do revolucionário Che Guevara, na Plaza del Cristo, no extremo oeste da cidade, um grupo se reúne para realizar algo que até recentemente era incomum na ilha: fazer orações em público.

Bênçãos de Jesus

Com os braços erguidos, eles pedem as bênçãos de Jesus por dias de prosperidade e coragem para enfrentar a batalha entre o bem e o mal.

Historicamente conhecida como um “Estado ateu”, fundamentado na chamada “concepção materialista científica do Universo”, Cuba hoje presencia uma expansão significativa das igrejas evangélicas.

O fenômeno que ocorre em meio à maior crise econômica enfrentada pelo país nas últimas três décadas.

Mesmo sem estatísticas oficiais sobre o número de evangélicos em Cuba, especialistas concordam que o que hoje se observa nas ruas de Havana reflete uma tendência crescente e significativa.

"Sem dúvida temos visto um aumento [dos evangélicos em Cuba] nos últimos cinco anos", afirma o cubano Pedro Alvarez Sifontes, mestre em Estudos Sociais e Filosóficos da Religião pela Universidade de Havana e pesquisador assistente no Centro de Pesquisa Psicológica e Sociológica.

Crises de saúde e dificuldades econômicas

Segundo entrevistados pela BBC News Brasil, a adesão de milhares de cubanos – especialmente entre os jovens – às igrejas evangélicas foi impulsionada tanto pela crise de saúde pública enfrentada globalmente quanto pelo agravamento das dificuldades econômicas específicas da ilha.

"Depois da pandemia, a crise levou muito mais pessoas a se aproximarem da fé e das igrejas", diz o teólogo Eliecer Portal, evangélico batista que trabalha como guia turístico no interior do país.

"Momentos de crise chamam as pessoas à fé, principalmente quando sentem que suas vidas estão em jogo."

Estado 'ateu'

A religiosidade não é alheia à identidade cubana. Colonizada pelos espanhóis, Cuba carrega uma rica tradição católica, evidenciada por milhares de igrejas e praças com nomes de santos presentes em diversas cidades.

Religiões de matriz africana, levadas pelos povos escravizados, também marcaram profundamente a vida espiritual cubana ao longo dos séculos.

Após a revolução socialista de 1959, liderada por Fidel Castro, Che Guevara e Camilo Cienfuegos, Cuba passou a adotar a vertente soviética do marxismo, promovendo um afastamento sistemático entre o Estado e as expressões religiosas da população.

Marxismo-leninismo

A Constituição promulgada em 1976 estabeleceu Cuba como um Estado laico, sem vínculo com qualquer religião oficial ou predominante, fundamentado na chamada "concepção materialista científica do Universo".

"A Constituição proclama a liberdade religiosa e o direito de praticar qualquer religião que se queira. Mas, depois disso, havia um artigo que dizia que o Estado era obrigado a propor e realizar todo o trabalho educacional baseado na concepção científica marxista-leninista", diz Pedro Sifontes.

Além do apelo constitucional, foram criadas normas ateístas como parte intrínseca da educação e da cultura cubanas, esclarece.

"Por exemplo, no ensino superior, foi criada uma disciplina chamada Comunismo Científico. Essa disciplina recriou tudo o que era ateísmo científico e promulgou um positivismo neomarxista, o que não era a realidade da teoria de [Karl] Marx e [Friedrich] Engels", diz, em referência aos ideólogos do comunismo.

Restrição à liberdade religiosa

Naquele período, foram instituídas regras que restringiam o acesso às manifestações religiosas e interferiam em diversos aspectos da vida cotidiana dos cubanos.

"Por exemplo, pessoas religiosas não podiam cursar certas áreas, como jornalismo; não podiam acessar cargos governamentais diretamente. Se você declarasse sua religião ou filiação religiosa, não teria acesso a cargos de liderança no governo", diz Sifontes.

"Todos eram questionados sobre sua ascendência religiosa, para tudo. Para ser membro do Partido Comunista da Juventude, você também tinha que declarar seu status ateu, sua posição ateia. Se não, você não era admitido. E isso, claro, para nós, cria toda uma concepção de um Estado ateu."

Mesmo sob restrições, a religiosidade permaneceu enraizada no dia a dia dos cubanos, que mantinham suas práticas de fé em pequenas igrejas e no ambiente doméstico.

A Constituição mais recente de Cuba, aprovada em 2019, assegura o direito à liberdade religiosa, independentemente da crença professada.

FONTE: http://guiame.com.br/gospel/noticias/ex-estado-ateu-cuba-tem-aumento-de-evangelicos-e-oracoes-em-publico.html


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